Puberdade: bate-papo de pais para filho

Puberdade: bate-papo de pais para filho

maeefilha
Ser pais de adolescente não é tarefa fácil. As mudanças hormonais provocadas pela idade parecem transformar o filho em um novo “ser”. Mas, para eles, encarar tantas mudanças também não é moleza. Além das alterações hormonais e comportamentais, a adolescência também é fase de significativas mudanças corporais, que acontece sem que eles nada possam fazer. Nas meninas os seios começam a crescer, a primeira menstruação chega, os pelos aparecem. Nos meninos a voz vai mudando, os pelos aparecendo e eles crescendo rapidamente. Sem falar nas “malditas” espinhas, elas literalmente estampam na cara que eles estão passando por uma nova etapa. Mas se as mudanças externas são visíveis, a forma como eles estão vivenciando essa transição pode não ser. Alguns adolescentes, como relata a psicóloga Sarah Castelo Branco, sinalizam de forma bem direta que precisam de ajuda para tirar uma dúvida, já outros sinalizam de forma bem mais sutil, por isso, os pais devem se aproximar mais dos filhos na famosa puberdade.

Vale ressaltar que aproximação não deve ser confundida com invasão! É natural que nessa idade, os adolescentes fiquem muito irritados quando se sentem invadidos e acabam se afastando. “Por isso se aproximar é ficar mais atento, conversar mais, ampliar seu interesse por assuntos que são próprios do universo dos adolescentes. Os pais precisam aprender a diferenciar as fases e interesses, e abrirem um canal de comunicação. Muitas vezes, o filho adolescente não sabe como introduzir uma conversa, e fica à espera do acolhimento”, reforça a psicóloga Sarah Castelo Branco.

O meio que a empresária Walquíria Rezende, 37 anos, encontrou de estar mais junto ao filho, o estudante, Alberto Rezende Neto, 15 anos, foi através de brincadeiras. Ela e o marido se consideram pessoas espirituosas e usaram dessa descontração para bater um papo com o adolescente. “Gostamos de tirar brincadeiras brincadeiras às vezes, dizendo que ele tá de bigode. A forma de abordamos o assunto, faz com que saibamos sem que ele perceba, como ele se sente.Tem pais que fazem interrogatórios, para nós não funciona assim. A partir das brincadeiras entramos numa conversa séria e ele tira suas dúvidas. Ele só faz rir quando brincamos com suas mudanças”, explica a mãe do adolescente.

Assim como Neto, todos os jovens, meninos e meninas, estão com a cabeça cheia de questionamentos e precisando de uma orientação. E ela deve ser dada tão logo surjam as primeiras dúvidas. Ainda que os próprios pais ou familiares tenham que quebrar seus próprios tabus para estar mais próximo do jovem. “Alguns pais chegam até mesmo a acreditar que orientar sobre puberdade é induzir ou dar permissão para iniciação sexual. A verdade é que a orientação deve ser dada quando surgirem os primeiros sinais da transição. Quando os jovens não são acolhidos pelos próprios pais e profissionais, acabam por procurar informações com amigos e através da internet, que são métodos falhos e repletos de mitos nocivos”, alerta a profissional. Por isso todos os assuntos podem e devem ser abordados com os filhos, de forma natural: “mudanças corporais, hormonais, métodos contraceptivos e iniciação sexual. Há muitas formas de orientar, que passam desde uma conversa mais reservada até indicações de leituras”, completa a psicóloga.

Na casa de Walquíria Rezende essa transição do filho ficou mais perceptível a pouco mais de um ano. E flui de uma forma bem tranquila já que o adolescente sempre encontrou as “portas abertas” para conversar com os pais. “Meu filho é muito desencanado com essas coisas, como é algo gradativo, não são mudanças repentinas, ele não teve nenhum problema e quando tem alguma dúvida ele sempre vem até mim, sempre deixo claro que sou aberta ao diálogo, seja qual for o tema. E isso vem ajudando muito nessa fase. Hoje o vejo como um rapaz e não como um menino”, destaca a empresária. Mas apesar da tranquilidade com que encarou as mudanças, a mãe lembra que o jovem tem sim suas neuras. Como o surgimento dos pelos, que segundo ela é algo que o incomoda bastante.

É natural que o surgimento dos pelos causem um desconforto nos meninos, assim como eles podem ficar desconcertados com o odor da transpiração, a transição da voz e a pressão pela iniciação sexual. Já algumas meninas podem ficar constrangidas com o crescimento dos seios, dos pelos pubianos e com a chegada da menstruação. Até aí tudo normal para idade. O que talvez mereça maior atenção de pais e familiares são as transformações corporais que nem sempre se encaixam nos padrões de beleza impostos pela sociedade, como reforça Sarah Castelo Branco. Alguns adolescentes engordam, outros se tornam mais magros. Alguns permanecem baixos, outros ficam altos demais. O rosto pode ser tomado por acnes. A iniciação das paqueras aumenta a exigência com a aparência e mudanças indesejáveis podem interferir na autoestima. Os procedimentos estéticos passam a fazer parte da rotina. “Os pais devem estar atentos às angústias dos filhos nessa fase para orientá-los sobre as mudanças. Além disso, os pais são os principais mediadores entre os filhos e os diversos profissionais que podem acompanhá-los são ginecologistas, urologistas, dermatologistas, endocrinologistas, nutricionistas, psicólogos, etc”, explica a psicóloga.

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